Infertilidade

O QUE É A INFERTILIDADE? A infertilidade consiste na incapacidade de engravidar após um ano de relações sexuais regulares e desprotegidas.

QUANDO INICIAR O ESTUDO? Habitualmente só após um ano de relações sexuais regulares e desprotegidas é que se deve iniciar o estudo. Há, no entanto algumas situações, em que o estudo se deve iniciar mais cedo (6 meses):

MULHER

Idade superior a 35 anos

Períodos ausentes ou irregulares

Anomalias do útero

Escorrência mamilar

Obesidade

História de infecção nas trompas

Endometriose

HOMEM

Lesão prévia do testículo

Varicocelo

 

COMUM

Problemas nas relações sexuais

História prévia de infertilidade

 

 

Na tabela seguinte estão discriminadas sumariamente  as causas principais, os exames eventualmente  necessários para chegar ao diagnóstico e as opções terapêuticas disponíveis. No entanto, cada caso é um caso e cada casal deve ter uma abordagem individualizada.

CAUSAS EXAMES TRATAMENTOS
Problemas da ovulação Estudo hormonal Indução da ovulação
Menopausa prematura Estudo hormonal Doação de óvulos
Cariotipo
Obstrução das trompas Histerosalpingosonografia FIV
Histerosalpingografia
Laparoscopia
Endometriose Ecografia Expectante
Laparoscopia Tratamento médico
Tratamento cirúrgico/laser
FIV
Fibromiomas Ecografia Expectante
Pólipos Histeroscopia Tratamento médico
Sinéquias Laparoscopia Tratamento cirúrgico
Muco cervical hostil Teste pós-coital Tratamento médico
Confirmar ovulação I IU
Anticorpos anti-EZ FIV
Ausência de espermatozóides Análises hormonais TESE / ICSI
(azoospermia) Biópsia testicular Doação de esperma
Cariotipo
Ausência/bloqueio dos canais deferentes Exame escrotal TESE / ICSI
Rastreio do gene da fibrose quística
Número baixo de espermatozóides I IU
(oligospermia) FIV
ICSI
Motilidade reduzida dos espermatozóides I IU
(astenospermia) FIV
ICSI
Percentagem elevada de formas anormais de EZ I IU
(teratospermia) FIV
ICSI
Anticorpos antiespermatozóides Pesquisa de anticorpos anti-EZ Preparação do esperma / I IU
FIV
ICSI

MÉTODOS DE COLHEITA DE ESPERMATOZÓIDES

Nos casos de azoospermia obstrutiva (e não só) a colheita de espermatozóides pode ser realizada de várias formas, sendo as mais utilizadas as seguintes:

  • TESE

    TESE: extracção de espermatozóides do testículo por biópsia cirúrgica

  • TESA

    TESA: aspiração por agulha de tecido testicular

  • MESA

    MESA: aspiração de espermatozóides do epidídimo por microcirurgia

 

Causas masculinas de infertilidade

Infertilidade Masculina

O estudo do homem deve incluir uma história médica e reprodutiva completa, um exame físico por um andrologista e pelo menos dois espermogramas.

Os objectivos dessa avaliação são a identificação de situações potencialmente corrigíveis, de situações irreversíveis que possam ser resolvidas por técnicas de Procriação Medicamente Assistida, de condições irreversíveis para as quais a doação de esperma ou a adopção podem ser uma opção e de detectar situações médicas graves que se tenham manifestado por um problema de infertilidade.

 

AUSÊNCIA DE ESPERMATOZÓIDES NO EJACULADO (AZOOSPERMIA)

Este problema que afecta 1% de todos os homens (e 10 a 15% dos homens inférteis) pode dever-se a duas causas:

O testículo é incapaz de produzir espermatozóides.

Existe um bloqueio à passagem dos espermatozóides (ausência congénita ou obstrução dos canais deferentes).

 

No caso da azoospermia não obstrutiva é necessário realizar alguns doseamentos hormonais (FSH, LH, testosterona). Valores altos de FSH são indicação para prosseguir o estudo com a realização dum cariotipo e pesquisa de microdelecções do cromossoma Y. Valores baixos de FSH e testosterona implicam o doseamento da prolactina e a avaliação imageológica da hipófise.

 

No caso da azoospermia obstrutiva devida a ausência congénita dos canais deferentes, 2/3 dos homens têm o gene da fibrose quística, o que implica também a pesquisa da mutação na mulher.

 

A biópsia testicular poderá estar indicada em doentes com azoospermia com volume testicular normal, com pelo menos um canal deferente palpável e FSH normal e também para confirmar a presença de obstrução em doentes com baixo volume de ejaculado e canais deferentes palpáveis.

 

DEFICIÊNCIAS NA QUANTIDADE E/OU NA QUALIDADE DOS ESPERMATOZÓIDES

Estas deficiências podem ter várias causas: problemas hormonais, varicocelo, infecção, alguns medicamentos e drogas.

 

O varicocelo é constituído por veias dilatadas semelhantes a varizes dentro do escroto e encontram-se em 15% da população normal e em 40% dos homens com infertilidade. À sua presença é atribuído um efeito deletério na espermatogénese. Embora controverso, o tratamento do varicocelo (cirúrgico ou por embolização percutânea) é aconselhado quando é palpável, quando o casal tem infertilidade documentada, a mulher tem uma fertilidade normal ou potencialmente corrigível e o cônjuge tem alterações no espermograma. Em lugar do tratamento cirúrgico do varicocelo pode-se recorrer de imediato à FIV/ICSI se estas técnicas forem necessárias para tratar problemas da mulher ou quando a idade desta preclude  mais tempo de espera.

 

DEFICIÊNCIAS NA CAPACIDADE FERTILIZANTE DOS ESPERMATOZÓIDES

Na génese destas deficiências podem estar problemas no acrossoma, incapacidade dos espermatozóides de aderirem à zona pelúcida, etc…

 

INCAPACIDADE DE EJACULAR NA VAGINA

Essa incapacidade pode ser devida a ejaculação prematura, a ejaculação retrógrada ou à impossibilidade de atingir o orgasmo.

 

Causas femininas de infertilidade

Infertilidade Feminina

O estudo da mulher implica em primeiro lugar uma história médica e um exame físico, com especial ênfase na história e no exame ginecológicos. Para além do problema da infertilidade temos que ver mais longe e detectar situações que possam comprometer a futura gravidez.

Os problemas da ovulação constituem a causa mais comum de infertilidade feminina.

Simultaneamente são também a causa em que a probabilidade de sucesso terapêutico é maior. Na maioria dos casos a mulher tem ciclos irregulares ou não menstrua. Pode também apresentar hirsutismo, acne ou escorrência de leite pelos mamilos (galactorreia).

Os problemas da ovulação podem residir no próprio ovário:

• A mulher tem ovários poliquísticos • Os ovários contêm poucos óvulos (situações de menopausa prematura) • Não existem ovários porque foram removidos cirurgicamente ou a mulher nasceu sem ovários

  • PROBLEMAS NAS TROMPAS

    Os problemas nas trompas são também uma causa comum de infertilidade.

    Esses problemas podem ser devidos a lesão das fímbrias, das células que revestem o interior das trompas, a obstrução ou a aderências que distorcem as trompas. Os efeitos dessas lesões variam entre a impossibilidade de captação do óvulo e a impossibilidade dos espermatozóides e o óvulo se encontrarem.

    Essas lesões podem ter várias causas:

    • As infecções são a causa mais comum e de entre estas as Doenças de Transmissão Sexual (Clamídia e Gonorrhoea) são as mais frequentemente implicadas.

    • A endometriose pode também provocar cicatrizes, aderências e em casos mais graves obstrução das trompas.

  • ENDOMETRIOSE

    A Endometriose é uma doença benigna extremamente comum em que células semelhantes àquelas que revestem o interior do útero e que descamam na altura da menstruação, se desenvolvem noutras localizações. As zonas mais frequentes são a pelve, os ovários (dando origem aos chamados quistos de chocolate) e as trompas. À semelhança das células do endométrio, também descamam na altura da menstruação, mas como não têm por onde escapar acabam por provocar aderências e formação de quistos.

    A endometriose é responsável por 4-8 % dos casos de infertilidade. A maioria das mulheres com endometriose não têm, no entanto, problemas em engravidar.

    Embora se possa suspeitar da sua existência, o diagnóstico implica a realização duma laparoscopia.

  • MUCO CERVICAL HOSTIL

    O muco cervical é uma substância gelatinosa produzida pelas glândulas do colo, cujas características se alteram ao longo do ciclo. Na altura da ovulação exibe características especiais, as quais permitem  aos espermatozóides  uma migração  mais fácil através do útero. Simultaneamente funciona também como um reservatório de espermatozóides.

    Diz-se que o muco cervical é hostil quando é demasiado espesso (por deficiente estrogenização, infecção, etc.), ou quando contém anticorpos-antiespermatozóides.

  • PROBLEMAS UTERINOS

    A maioria das mulheres com problemas uterinos normalmente não têm problemas em engravidar, mas sim em manter a gravidez.

    No entanto em algumas situações (fibromiomas submucosos, pólipos endometriais, adesões intrauterinas e malformações) pode haver interferência com a implantação do embrião.